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Maio

Aula 8

Horário: 19h30 - 22-30

        A abordagem do tema se iniciou através de uma proposta de atividade, que foi realizada no período final da aula. A proposta de atividade era que os alunos, em grupo, identificassem pontos em comum nas trajetórias do esporte e da ginástica. Após lançar a provocação, o professor inicia o momento de exposição e reflexão.

         Assim como as demais práticas corporais, a relação da ginástica com a sociedade não foi sempre a mesma, uma vez que a sociedade e o seu contexto político e econômico sofreram e sofrem alterações.

        Em meados do século IV a.C., a ginástica tinha caráter religioso, praticada como um ritual de purificação, para a alma ser purificada das coisas ruins. Especificamente para os gregos, a ginástica possuía três objetivos:

  • sentir-se bem em praticá-la, enaltecendo a saúde do cidadão; a estética da

  • realização, plasticidade e demonstrar força. Nesta época, a ginástica era um

  • exercício de disciplina, respeito e superação de limites.

        Na Europa, com os avanços tecnológicos na Ciência, sob influência dos valores burgueses e religioso, desenvolveram-se diversas pesquisas sobre o corpo humano, e deste modo, com a expansão do Movimento Ginástico Europeu, produziu-se a Ginástica científica:

“ Radicaliza, no universo das práticas corporais existentes, a visão de ciência como atividade humana capaz de controlar experimentar, comparar e generalizar as ações de indivíduos, grupos e classes. (...) A Ginástica científica se apresentava como contraponto aos usos do corpo como entretenimento, como simples espetáculo, pois, trazia como princípio a utilidade de gestos e a economia de energia.” (SOARES, 1998)

          Com a Revolução Industrial e pós Revolução Francesa, os corpos começaram a serem compreendidos como máquinas; visando o maior aproveitamento de energia do corpo, o uso da medição torna-se comum; a instauração do Estado, o discurso científico e o uso dos exercícios para um determinado fim, chama a atenção do Estado a fim de se utilizar da ginástica como um instrumento de poder e ordem, controle. Uma característica muito forte da ginástica científica é a racionalização das práticas corporais, visando sempre uma prática com um determinado fim, para que a força não seja desperdiçada.

          Os diferentes estudos do corpo e conhecimentos dos movimentos do circo, contribuíram para a produção de movimentos ginásticos europeus, os quais, segundo os burgueses,  melhoram o ser humano. E é com este argumento que os movimentos ginásticos europeus se tornam experiências pedagógicas, contribuindo para a formação de uma sociedade pronta para servir ao seu país seja na guerra ou na indústria.

Embasados em tais argumentos, a Alemanha é o primeiro país a desenvolver um sistema de Educação que inclui a ginástica, o que passa a servir como justificativa para as suas vitórias nas guerras, fator que aumentou a adoção dessa prática corporal. A presença da ginástica na Educação é, portanto, uma apropriação, constituinte de um método ginástico.

Hoje, podemos caracterizar a ginástica como uma padronização de corpos; uma cientificização dos movimentos, das informações, do método; e pedagogização, uma vez que se considera como objetivo formar indivíduos x.

         O professor citou algumas transformações na ginástica do séc. XIX e XX até hoje:

  • Diminuição do viés performático

  • Exercícios modeladores

  • Flexibilidade ,forma e beleza como resultado da prática

  • Ginástica de expressão

  • Objetivos: FORMATIVA (formar o corpo); COMPETITIVO e DEMONSTRAÇÃO

         Para cada um dos objetivos, foram citados alguns tipos de ginástica, tais como:

  • FORMATIVA: construída (crossfit, step, musculação, alongamento) ou natural, que não utiliza aparelhos e usa movimentos do cotidiano, fazendo uso somente do peso do corpo.

  • COMPETITIVA: todas aquelas organizadas por Federação Internacional de Ginástica

  • DEMONSTRAÇÃO: ginástica geral ou ginástica para todos, que pode ou não fazer uso de música.

 

         Além desses tipos de ginásticas, foi comentado sobre as mais comuns, as que estão na “moda” hoje, como o crossfit, abordando como o mercado faz uso dessas práticas e como pode ser prejudicial para o corpo. A exposição finalizada, os colegas fizeram algumas discussões e compartilharam algumas dúvidas. Antes que os grupos realizassem a discussão da atividade proposta no início da aula, assistimos dois vídeos que registram a vivência dos alunos com as fitas (no primeiro vídeo) e dos alunos com fitas e diabolôs. Esses vídeos servem como base para a nossa próxima aula de vivência.

        Por fim, os grupos se reuniram, discutiram e registraram as suas conclusões quanto a proposta: identificar pontos em comum nas trajetórias do esporte e da ginástica.

Abaixo, o registro do nosso grupo:

“ Identificamos que os pontos em comum nas trajetórias dos esportes e da ginástica são: a perda do aspecto lúdico e o crescimento, ao longo do tempo, do aspecto competitivo. Além disso, ambos foram utilizados para controlar o corpo, exemplo disso é o uso dessas práticas nas empresas para com os empregados, aproveitando-se para a alienação, que leva à maior produtividade; os discursos procuram a todo momento dizer o que é a ginástica e o esporte, sempre exaltando suas aparentes vantagens; ambas surgiram direcionados às elites e popularizou-se, porém, como instrumento de dominação e mercadorização  do Estado.”                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

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        A aula teve início com uma roda onde o professor Marcos Neira nos deu as orientações iniciais. Foi solicitado que nos dividíssemos entre os que iniciariam com a prática dos elementos básicos do solo (ginástica artística) e os que utilizariam a fita (ginástica rítmica). Dentro desses dois grupos os alunos se subdividiram em agrupamentos menores para que pudessem experienciar movimentos relacionados às duas práticas.

Maio

Aula 8

Horário: 19h30 - 22-30

 

SOLO

 

          No solo, todos os integrantes foram estimulados a praticar os movimentos básicos dessa modalidade: estrela, parada de mão, rolamento para frente e para trás, avião e parada de cabeça. Segundo Neira (2014) a organização dessas situações didáticas, que colocam os sujeitos da educação como produtores culturais são  fundamentais. Para além da reprodução das práticas já consolidadas o professor nos propôs a criação de novos movimentos.  

Dentro dos grupos as pessoas que já conheciam essas práticas ou que tinham mais habilidades passaram espontaneamente a ajudar e orientar os colegas com maiores dificuldades, isso permitiu a inclusão de todos nas atividades.

         Após a realização dessas práticas Neira pediu para que os grupos criassem apresentações com os movimentos que haviam aprendido e inventado, a fim de ampliar o repertório de todos os participantes.

           Embora a maioria dos estudantes não tivessem familiaridade com a ginástica artística de solo  todos se apresentaram. As pessoas que sentiam-se mais seguras e tinham uma bagagem maior, executaram movimentos considerados mais complexos, já as pessoas com mais dificuldade optaram por realizar aquilo que estava ao seu alcance.

        Em nosso grupo, a assistência e o encorajamento das pessoas que já haviam vivenciado as práticas da ginástica foi essencial para que os não iniciados pudessem vivenciar os movimentos  sentindo-se seguros.

GINÁSTICA RÍTMICA - APARELHO: FITA

 

         No exercício com a fita, o professor permitiu que os alunos explorassem o aparelho, experimentassem diferentes movimentos, sem nenhuma instrução de manuseio. Aqueles que já haviam praticado anteriormente orientaram os que nunca tiveram contato.

        Depois de muitos ficarem enrolados e deixarem as fitas com nós, conseguiram manipular o aparelho de forma a projetarem alguns desenhos, uns mais fáceis outros mais complexos. Alguns alunos relataram que ao assistir as apresentações de ginástica com fita na televisão achavam que era fácil. Porém ao entrar em contato com o aparelho sentiram dificuldade no manuseio não só pelo tamanho, mas também por causa dos nós.

           Neira então solicitou que os grupos elaborassem uma apresentação. Os primeiros grupos elaboraram coreografias com movimentos em roda e solos, nos quais cada um mostrou um movimento, respeitando assim as diferentes habilidades.

          Após a troca, os grupos já possuíam referências e iniciaram a elaboração da coreografia mais focados, tendo como base alguns movimentos realizados pelos grupos anteriores. Isto permitiu uma troca entre os alunos, pois  puderam aprender diferentes movimentos ao olharem as apresentações dos colegas.

         Na segunda apresentação um grupo fez uma coreografia sincronizada, cantando. Já o nosso grupo utilizou o recurso da caixa de som para apresentar com uma música de festa junina, pois a coreografia era a representação de uma quadrilha. No início, as fitas foram utilizadas para representar um pau de fitas e não da forma como estava proposta, depois ao final houve o manifesto de “Fora Temer”. Como referência, pode-se analisar que da mesma forma os alunos trazem referências do seu cotidiano, de acontecimentos e aspectos do ambiente em que vivem para agregar as aulas.

Referência bibliográfica:

SOARES, C. L. Educação do corpo: a rua, a festa, o circo, a ginástica. In: Imagens da educação no corpo. Campinas: Autores Associados, 1998. p. 17 a 29

(http://www.saosebastiao.sp.gov.br/ef/pages/linguagem/expressividade/ginastica/Leitura/Imagens%20da%20educa%C3%A7%C3%A3o%20no%20corpo.pdf)

 

NEIRA, M. G. “Ginástica na escola”; “Orientações Didáticas” e “Relato de Experiência”. In: In: Práticas corporais: brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 168-189.

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