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23

Junho

Aula 11

Horário: 19h30 - 22-30

        A aula do dia 23 de junho foi ministrada pela Glaurea, que teve um olhar muito interessante para a dança. No início, ela contextualizou o seu lugar de fala e o seu olhar para a prática corporal. Em seguida ela fez duas perguntas:

  1. Qual é a sua relação com a dança?

  2. Você já dançou?

       

        Depois desse breve mapeamento para saber qual era o contato da turma com a prática que seria estudada, ela nos mostrou como a aula seria exposta, seguindo o seguinte cronograma:

1. O que pode ser a dança?            

2. “Uma” história da dança

3. Outras histórias da dança  

4. Sentidos contemporâneos da dança          

5. A dança na escola

        Tendo em vista o primeiro tópico, Glaurea questionou a sala a respeito de como identificamos a prática corporal. Diante do questionamento surgiram diversas respostas como: movimento, ritmo, harmonia, estética, música, etc.

        Depois de apontarmos como identificamos a dança, a professora nos disse que considerou a concepção de que a dança é constituída por gestos, ou seja, movimentos que possuem significados e expressões e complementou dizendo que dançar é “deixar o corpo se expressar ritmicamente”.

Glaurea também comentou que toda prática corporal passa por um processo de (res)significação e que no primeiro momento da aula o foco seria para apenas uma das diversas histórias da dança, sendo assim destacou-se, de forma linear e progressiva, a dança cênica Ocidental, que são aquelas realizadas em palco. Dessa forma, conhecemos pontos característico da dança cênica em cada período histórico.

        Os primeiros registros que se têm sobre a dança são as pinturas rupestres, na qual o homem primitivo retratava a dança como um ritual mítico, religioso e mágico. Outra hipótese é de que a dança era tida como uma mera imitação dos animais.

Na Antiguidade, era atribuído um sentido religioso, mítico e profano à dança. Na Grécia ela era considerada sagrada e tinha forte ligação com o politeísmo, mas é importante destacar que também se difundiu no seu caráter educativo, dramático e de lazer. Já na Roma a dança sofreu um certo desprestígio, o que faz com que tenhamos poucas referências sobre ela.

Na Idade Média por conta da dimensão religiosa, ocorreu um processo de coibição. A Igreja combatia as práticas ao passo que os artistas de rua resistiam. Só depois é que a dança passa a ser reconstruída nos salões da Corte, o que gera um enobrecimento da prática. Na Modernidade a dança passa dos salões da Corte para os palcos, dessa forma, as “apresentações dessa época, ao mesmo tempo em que serviam de divertimento nas festas nos salões da elite, eram oportunidades em que se definiam as posições sociais, celebrando-se as relações de poder, sendo a dança da corte uma “metáfora” das relações políticas e sociais de uma trama bem ajustada de hierarquias”, que se estendeu pelos séculos XVI e XVII, passando do religioso ao político o cunho da dança” (GILTEMAN, 1998 apud ASSIS; SARAIVA, 2013, p. 306). Nesse momento o balé começa a se delinear e por conta do Renascimento a prática corporal se desenvolve. De início a dança era apenas para os homens e fazia parte da educação dos jovens da elite que tinham como objetivo aumentar o prestígio por meio das artes e da cultura.

        Somente depois ocorre uma ascensão do elemento feminino na dança, que se sucede por conta tanto do desprestígio pela qual a dança sofre nos períodos das revoluções, nas quais o corpo passa também a ser um instrumento de produção, quanto pela baixa remuneração da profissão, ou seja, ao momento em que o trabalho passa a ser um elemento central, até mesmo para a distinção social, os homens renunciam a prática, o que dá mais oportunidades às mulheres.

Nesse contexto também é possível observar a profissionalização da prática, a racionalização dos movimentos, a padronização, a sistematização, o enrijecimento técnico, o romantismo atrelado a imagem feminina na dança e a prostituição das bailarinas de menos destaque.

          Glaurea comenta que a dança contemporânea surge então num contexto de diversidade de formas, contextos, influências e experiências corporais.

         Na sua exposição das outras histórias de dança, Glaurea optou por trazer o candomblé, o maracatu, o forró. Ela também pontuou o quanto as danças de matrizes africanas passam por um processo de deslegitimação e preconceito.

Sobre o Candomblé, vimos que é um ritual para os orixás e que para os candomblecistas dançar também é praticar a religião. É importante destacar que essas danças também passam por ressignificações e que existe uma padronização, ou seja, ritmos e gestos específicos (xire). Foram destacados dois grupos o Ilú Oba de Min e Filhos de Gandhi.

         O Maracatu é um cortejo, que faz uma referência aos reinados do Congo, sendo assim, é uma dança que conta com os seguintes personagens: rainha, rei, dama do passo (que carrega a calunga, uma espécie de boneca), príncipes, vassalo (que carrega o pálio), batuqueiros e outras figuras da Corte. Existem dois tipos de Maracatu: nação ou de baque virado e o rural ou de baque solto. Neste último também tem a figura do caboclo de lança, que é um trabalhador do engenho.

Já o Frevo teve início com as rivalidades entre as bandas marciais de carnaval do Recife, que saiam junto com os capoeiristas. Vale destacar que antigamente a capoeira era proibida, então o frevo era um momento em que a luta era praticada na marginalidade. Chamava de frevo quando a música “frevia” (do ferver), ou seja, quando se acelerava o ritmo. Esse era o momento em que os capoeiristas com seus guarda chuvas, que se tornavam uma espécie de lança, começavam a lutar. Então podemos dizer que o frevo surge de uma luta.

          O Forró por sua vez é um gênero com diferentes ritmos (baião, xote, xaxado, pé de serra, universitário e eletrônico). Acredita-se que engenheiros ingleses promoviam festas no final do expediente e que essas reuniões eram chamadas pela expressão “for all” e que foi assim que o gênero surgiu. O fato é que sua origem agrega a ideia de festividade e lazer. Por ser formado por diversos ritmos, existem diferentes concepções a respeito das produções mais recentes. Os admiradores do forró nordestino mais tradicional acreditam que os outros ritmos descaracterizam o gênero, enquanto os que apreciam os ritmos mais atuais, acreditam ter ajudado difundir e comercializar o forró de um modo geral.

Depois de toda a exposição e discussão vimos slides sobre os sentidos contemporâneos da dança, que tinham imagens e pretendia discutir quem praticava determinada dança, onde e o porquê. Depois de observarmos e discutirmos algumas fotos que representava a dança zumba, o funk etc, finalizamos a aula.

ASSIS, Marília Del Ponte de; SARAIVA,Maria do Carmo. O feminino e o masculino na dança: das origens do balé à contemporaneidade. Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 02, p. 303-323, abr/jun de 2013.

07

Julho

Aula 12

Horário: 19h30 - 22-30

        Neste encontro realizamos a vivência de Dança. Para iniciar o professor Marcos Garcia Neira e a Glaurea Nádia Borges de Oliveira retomaram as danças mencionadas na aula anterior: Clássica, Moderna e Contemporânea.

        Em seguida, pediu que a turma se dividisse em pequenos grupos e propôs que a partir de uma imagem cada um elaborasse uma coreografia contemporânea para apresentar no final da aula.

        O desafio estava em debater a imagem com o grupo para tentar descobrir o que o autor quis representar e, a partir da ideia, construir em conjunto uma dança com movimentos de acordo com o repertório, as experiências e limitações de cada um. A liberdade deu-se tanto nos passos, quanto na escolha da música, apesar deles oferecerem uma sugestão caso o grupo solicitasse.

        O nosso grupo chegou a conclusão de que a imagem se tratava de um lixão com catadores que realizavam um trabalho exaustivo. Então, no início da apresentação representamos um chapéu, pois era o acessório que os trabalhadores da imagem utilizavam para se protegerem do sol. Depois caminhávamos curvadas, mostrando cansaço, exaustão ao carregar os cestos. Em seguida, decidimos representar outros trabalhos que geravam corpos precarizados pela exploração como faxineiras e pessoas que trabalham em linhas de montagem. Para finalizar ficamos alinhadas para simular uma linha de produção, na qual um material passava pelas pessoas que iam perdendo as suas identidades e se tornavam máquinas. Por fim quando o produto chegou ao consumidor final todos desligaram.

Vale destacar novamente que cada grupo teve o seu processo de criação com base nas imagens sorteadas e vivências que tiveram.

        Ao final, os professores retomaram a crítica de como a dança está na escola, apenas em coreografias para datas comemorativas como a festa junina, o que descaracteriza essa prática corporal. Eles também pontuaram a questão de gênero, citando que no projeto que a professora Jaqueline desenvolveu na escola, os pais ou os próprios alunos sabotavam a participação dos meninos pelo fato da sociedade colocar a dança como uma prática feminina, porém foi ressaltado também o quanto essa visão está equivocada, não só pelo fato de que historicamente a figura masculina esteve presente, mas também pelo fato de que nenhuma prática necessita ser classificada por gênero.

      Por fim, o professor agradeceu pelo semestre e pontuou algumas considerações. Dessa forma muita rica, finalizamos o semestre da disciplina de Cultura Corporal

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